Rafael Rodrigues
Monday, December 05, 2005
  Parte II (Final)
Todos estavam do lado de fora, para assistir aquele show. O aniversariante já estava em cima da caminhonete dançando com a stripper, o pai dele olhando tudo empolgadíssimo, o DJ da festa também conosco. Como tudo que é bom dura pouco, aparece a mãe do nosso colega acabando com a alegria de todos. O pai dele, que de bobo não tem nada, logo que viu a esposa, engrossou a voz e disse em alto e bom som: "acabou a brincadeira".

Se o problema fosse somente isso, seria uma maravilha. Agora entra o pai da garota, citado dois parágrafos acima. Ele foi buscá-la e acabou vendo tudo. É claro, pensou que nosso amigo estava envolvido na brincadeira e quase o namoro dos dois vai por água abaixo por conta disso.

Começaram as discussões. Ele, irritadíssimo com o esporro que levara do recém-sogro, queria descontar sua raiva em todos. Exceto em mim, que sou muito amigo dele até hoje e tentava lhe acalmar. Briga de lá, briga de cá, um outro amigo que até então eu não citei que por sinal faz aniversário no mesmo dia que eu, e às vezes é um chorão, justamente como eu, caiu em prantos.

Eu também, claro.

Estávamos todos bêbados, e o choro serviu pra que houvesse uma reconciliação geral. Depois das declarações de amor - sim, um dizendo que amava o outro, depois de uma discussão sem precedentes em toda a história da humanidade - fomos todos em busca de mais cervejas. Que haviam acabado.

Foi um tal de jogar gelo em outro e querer jogar fulano, sicrano e eu, dentro do freezer que não está no gibi.

Depois de esfriarmos as cabeças, fomos para a boate. Eis que agora vem o vergonhoso.

Eu estava sob efeito de cerveja e uísque, em percentagens que até então não havia conhecido. Tentava dançar alguma coisa, só não lembro o quê. A única coisa que lembro foi de quando embolei uma perna na outra e saí capengando do meio da boate até o canto em que estava o som do DJ.

Derrubou o som. A boate parou. O povo se calou.

Vieram, preocupados, me socorrer. Mas estava tudo bem, o problema era o som. Arrumamos tudo de novo, e demos prosseguimento à festa. Voltei a dançar, com mais cuidado dessa vez. Não falávamos mais em nada, a não ser em como eu consegui fazer aquilo.

Até hoje, quando nos reunimos pra conversar, tentamos entender. Do resto, esquecemos.
 
  Parte I
Deveria ser um dia de festa, aniversário de 18 anos de um colega com uma situação financeira bem confortável. Isso significa "festa de arromba".

Iríamos todos da sala, praticamente. Estávamos no 3º ano do colégio, e para nós, tudo era festa. Era o último ano que teríamos juntos. Depois, cada um iria pro seu lado, como de fato aconteceu. Poucos mantiveram contato.

Sempre que saíamos juntos, falávamos na despedida, no dia em que nosso ano letivo teria fim, nos vestibulares que faríamos e na amizade que duraria eternamente. Acontece que palavras ditas regadas a cerveja podem ter a graça de uma boa notícia e a infelicidade de um mal entendido. Foi o que aconteceu naquele dia.

Enquanto tomávamos uísque 12 anos, um de nós propôs: "vamos chamar uma stripper". Não com essas palavras, claro.

Todos concordamos imediatamente. O plano era o seguinte: seria uma surpresa nossa para o aniversariante. Ela não entraria no espaço que a família dele alugara, faria o striptease na cabine de uma caminhonete. Seria tudo discreto, só nós saberíamos disso.

Bem, esse ERA o plano.

Recolhemos o dinheiro, e apareceu o primeiro entrave: um de nossos amigos, que estava acompanhado de sua namorada, não concordou. Tentarei ser o mais sucinto possível: ele conseguira a muito custo que o sogro a liberasse para ir pra essa festa. O pai dela é bem conservador. Eles passaram quase dois anos namorando escondidos por causa disso, só a mãe dela sabia.

Mesmo sem sua bênção, chamamos a stripper.
 

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